quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Vire a pagina

Aceite-me com imperfeições,
como aquele livro velho sem capa.
Aquele com as folhas amareladas e pedaços perdidos.
Não tente me dar uma nova capa, remendar os meus defeitos
ou colar os pedaços.
Não importa se você me der um aspecto limpo.
De quente de livraria.
A data de impressão sempre será a mesma.
O começo e o fim, também, sempre os mesmos.
O livro já esta escrito. Sempre esteve.
Não te resta nada mais do que sentar e ler.

Certos livros não são diários.
Não são feitos de lacunas onde completamos com palavras.
E não serão livros infantis para se colorir.
O meu A-Z já esta completo.

Não se engane.
Ao me achar na rua e pensar que pode me consertar.
Me dar uma vida nova.
Não me coloque na tua estante e não me encare com o olhar de quem acredita ter diante de si algo que vai se encaixar.

Minhas paginas estão fadas a se perderem pelo caminho,
você não vai querer ser aquele a recolhe-las.
Pronto a me recompor no meio do vendaval.

Olhe para mim, veja o que eu realmente sou.
O que de verdade sempre fui.
Algo com defeitos,
os quais não se camuflam ao desenrolar da historia.
Uma hora ou outra tudo despenca pela gravidade.
Leias as minhas pagina, se divirta com os meus contos,
apaixone-se pela heroína.
Mas não se deixe enganar, heroína também é uma droga.

Mas a historia é real e no meio de tantas palavras,
havia uma frase que dizia “eu te amo”.

sábado, 14 de agosto de 2010

O mundo desperdiça tempo, perdido em seus dias sonolentos,
Com pessoas se enfiando na depressão do não pelo sim.
Estamos nos afogando em mares de corações despedaçados.
A espera de que alguém venha nos salvar.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

A tragédia me consome

Você as nao vezes se sente cansado? De lutar todos os dias? De acordar de manha e saber que você tem todo um dia pela frente e depois dele virao outros e mais outros, e você os vivera sem a menor ideia do por que de os estar vivendo, o do por que você nasceu e tem a vida que tem e que quando isso tudo acabar você ira simplesmente virar espuma como nas lendas de sereias. Chego a achar isso tudo irônico. Toda uma existencia e ninguém la de cima tem a decência de ter uma mísera explicativa conversa com você. Isso tudo se parece as minhas aulas de quimica, onde meu professor vomitava cinquenta minutos de formulas e formulas e eu nao nada entendia. E esse nem era o pior, e sim o fato que eu nao entendia o por que de estar ali, sentada, copiando o que ele escrevia no quadro, nao entendo ainda o por que de acordar todas as manhas para ir a escola, sentar-me e ver diversas coisas que nao me interessavam, para depois ter de decora-las,pois nao basta simplesmente entende-las, deveria tambem reproduzi-las fielmente um mes depois sobre um papel cheio de perguntas que se intercalavam entre estupidas e sem sentido e outras cheias de pagadinhas. Para assim mostrar, que alem de horas pela manha sentada, tambem passei tardes sentada no quarto estudando ainda mais para poder provar que sabia, que sei ainda mais do que algum outro. E entao passar no vestibular, entrar em uma boa faculdade e ter na minha frente mais cinco anos de vida sentada, para ser mais uma vez engolida por disciplinas e mais disciplina. Em quanto isso, uma vez por semana irei em uma alguma festa da faculdade para acabar com o meu figado, zuar com bixos em trotes, o qual ira repetir o mesmo exemplo quando a vez dele chegar. Me formarei em uma grande festa de seis mil reais por cabeça, a qual durara menos de cinco horas e terei enchido a cara e chorado imaginando o meu futuro dourado. Conseguirei um bom trabalho de dez horas diarias onde me esforçarei em conseguir mais duas, para assim ter uma conta rechonchuda no banco. Nesse meio tempo encontrarei a mulher da minha vida, e iremos acreditar que seremos eternos apaixonados, ela engravidara, engordara e enrugara. E irei reparar na empregada quinze anos mais nova do que a mulher que jurei amar e respeitar. Nesse meio tempo meus filhos irao mal na escola e terao problemas com drogas. Descobrirei um cancer no estômago, ficarei sabendo que a hipoteca da casa nao era la grande coisa. Trabalharei mais e mais, esquecerei que tenho familia e que filhos pedem mais do que uma grande mesada. E um belo dia vou morrer dentro de um belo carro, no meio de um transito caótico, vitima de uma tentativa de assalto relampago e entao, finalmente virarei espuma dentro de um oceano de por ques.

sábado, 26 de junho de 2010

A liberdade da dor

Ela a procurava tanto, por todos os lados, em todas as pessoas e na falta delas também.
Procurou entre garrafas semi vazias, bitucas de cigarros, banheiros femininos sem luz por onde passou afim de descobrir um pouco mais do que é ser jovem.
Mas o que ela mais gostava de fazer era correr. Correr para chegar do outro lado da linha. Correr para nao ter vontade de olhar pra tras.

Ela queria o depois. O momento que vira assim que ela fosse virar a proxima pagina. Passava de um copo a outro, de um amor a outro, de um papelote a outro. O futuro so lhe interessa se viesse como um tornado.


O que ela queria era sentir-se sem freio.
Pronta a desabar pela ribançeria.
Jogar-se de uma ponte, e dar de cara com a agua gelada do rio Sena.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Pedaços de uma carta

Vo,

(...)
Você nao acha isso incrivel na vida? Nos somos baseados em lembraças, em coisas que vivemos, e nos esquecemos da maioria delas. E' como se elas fugissem de nos se escondecem, se camuflassem; eu poderia perder todas elas, uma a uma, num caminho interminavel de esquecimento e ainda assim as possuiria. Elas sao impossivels de serem lembradas pra sempre, e sao tambem, impossiveis de serem apagadas, e sao elas que fazem a nossa essencia.
E na minha essencia tem voce.

(...)
Se o universo me desse um presente, seria o de sentar na sua frente, durante um tempo infinito, em um lugar inexistente, e entao, te escutaria como nunca escutei ninguem, escutaria cada minuto detalhado da sua vida, cada pensamento que você ja teve e que você tera, e olharia pra voce e entao decoraria o teu rosto, as tuas expressoes, saberia o que te faz sorrir, pelo que voce chora, com o que voce sonha todas as noites.

(...)

domingo, 25 de abril de 2010

Pensamentos carnais

"Dois corpos suados que se encostam delicadamente
Calados ao som de seus coraçoes descompensados
Um beijo com gosto de pos-desejo que se abre em um sorriso pacificado."


"A tua boca que beija minha testa
Tua boca que faz a festa pelo meu corpo
A tua ansia que me deixa tonta
A tua vontade a qual nao nego e me entrego.

Na simplicidade do meu ser, de te querer.

Meu beijo nas tuas costas,
Minha mao no teu peito,
Minha fala que chama e te vira pra minha boca.
Dizendo, te quero. Agora.

Mas so agora."

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ahh, como os detalhes me encantam!

Um passarinho que cisca,
Uma criança que brinca
Alguns galhos que dançam pelados ao comando do vento.

O riso envergonhado,
O sorriso dividido,
O piscar de olhos galanteador.
A lagrima disfarçada,
O musculo tensionado
Um arrepio suave,
O cheiro da pele nua.

Uma mao que se pousa nas costas, discretamente.
Um pequeno e quase superfluo jogo de palavras,
Um beijo que se afunda no meu ombro.
Palvras espaçadas, o andar lento.
A falta da pressa!

Nao, o abrupto nao! Nem a força, rapida e esmagadora.
Mas sim a calma da vida.
Hoje, eu quero o sorriso despretencioso!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Waking Life - Filme

Se o mundo é falso e nada é real, então tudo é possível.
A caminho de descobrirmos o que amamos, achamos o que bloqueia nosso desejo.
O conforto jamais será confortável.
Um questionamento sistemático da felicidade
Corte as cordas vocais dos oradores carismáticos e desvalorize a moeda para confrontar o familiar.
A sociedade é uma fraude tamanha e venal que exige se destruída sem deixar rastros.
Se há fogo, levaremos gasolina.
Interrompida a experiência cotidiana e as expectativas que ela traz.
Viva como se tudo dependesse de suas ações.
Rompa o feitiço da sociedade de consumo, para que nossos desejos reprimidos possam se manifestar.
Demonstre o que a vida é e o que ela poderia ser. Para imergirmos no esquecimento dos atos.
Haverá uma intensidade inédita. A troca de amor e ódio, horror e redenção.
A afirmação tão inconsequente da liberdade que nega o limite.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Às vezes eu falo com a vida

A chuva, o vento, o escuro e o caminho.
Tudo em harmonia,prontos a destruir a minha franja com chapinha, quebrar o meu guarda-chuva e me deixar em sopa. E não só pra isso.
Um começo de noite, onde necessito caminhar para chegar no abrigo de minha casa.
Uma mãe que está indisponível pra me salvar do aguaceiro, e uma carona recusada.
Tudo começa com o vento, que vem a baixo e me empurra, quase me fazendo parar e me deixando descabelada. As folhas, que sobem, descem e se mexem como se dançassem prontas a virarem índios e pedir que venha a água.
O vento brinca com as minhas pernas, passa pelo meu ombro e toca a pele do meu braço. Sinto frio, mas o tempo esta quente. E então, quase sutilmente me encontro de novo. Vejo o presente como se flutuasse e encontrasse a resposta do estar vivo. E em tudo o que consigo pensar é em nada. Uma lágrima chega aos meus olhos, uma frase a minha boca, e nesse misto de entusiasmo enxergo que as coisas estão certas, vou viver o que eu quis e serei feliz buscando os meus sonhos.
A chuva cai. Entra na minha sandália, molha os meus dedos, as minhas costas, o vento brinca loucamente com meu guarda-chuva. Luz e som descem dos céus enquanto atravesso uma praça repleta de árvores e penso, as pessoas que morrem eletrocutadas por um raio morrem onde? Olho para o topo da árvore central, seus galhos balançam, suas folhas criam vida e me esqueço de mortes, desastres e do medo. Um homem em um carro para e fala alguma coisa, eu não escuto e sigo adiante, sem medo, sem preocupações. Estou segura, a vida está do meu lado, e quando ela não mais estiver, eu estarei do lado dela.
Subo a rua de casa, alguém dentro de um bar joga um cigarro consumido no meio da avenida. Então, me dói o coração, vejo um latão de lixo ao lado de suas pernas, vejo o lixo na rua vagar inerte até o bueiro mais próximo, esse pequeno ato me lembra do lado negro de ser um humano. Atravesso a rua, e piso em uma poça, o frio da agua acumulada me lembra o que eu sentia antes, e compreendo, que por enquanto é necessário o ruim, para que o bom exista.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Detalhes

A água cai, gotas de nuvens pretas.
Entre carros com destinos e passageiros confusos.
Eu olho e vejo vida, vida que nunca vi antes
As gotas correm pelo vidro, seguidas pelo vento.

Elas não sentem as batidas do meu coração,
Elas não ouvem os meus pensamentos,
e não veem as minhas lágrimas.
Não só elas.