sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Triste fim de Policarpo Quaresma - Livro

"(...)
Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha feito ele da sua vida?
Nada.
Levara toda ela atras da miragem de estudar a patria, por amá-la e querê-la muito bem, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara sua mocidade nisso. A sua virilidade também; e, agora que estava na velihce, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condencorava?
Matando-o.
E o que não deixara de ver, de gozar, de fluir, na sua vida?
Tudo.
Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existencia que parece fugir um pouco a sua tristeza necessária,
ele não vira,
ele não provara,
ele não experimentara.
Desde os dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades.
Que lhe importavam os rios? Eram grandes?
Pois que fossem.
Em que lhe contribuia para a felicidade saber os nomes dos heróis do Brasil?
Em nada...
O importante é que ele tivesse sido feliz.
Foi?
Não.
Lembrou-se das suas cousas de tupi, do folclore, das suas tentativas agrícolas...
Restava disso tudo em sua alma um satisfação?
Nenhuma!
Nenhuma!"

Lima Barreto

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